Discurso do Metodo
Imaginava ser muito feliz com suas considerações (a partir das quais ele formou um método), presumindo que o progresso que havia feito com relação ao conhecimento, seria o maior que poderia obter, analisando a mediocridade de seu espírito e a breve duração de uma vida humana. Porém Descartes, antes de presunçoso era desconfiado, e afirmava estar sujeito a ter se enganado com suas considerações.
Foi instruído nas letras desde criança e inicialmente, achava que por intermédio delas poderia adquirir um conhecimento claro e seguro de tudo que é útil à vida. Todavia, ao concluir seus estudos, se encontrou embaraçado com tantas dúvidas e erros, que acreditava não ter tirado outro proveito a não ser o da descoberta de sua ignorância. Deduzindo que não havia doutrina no mundo que fosse exatamente certa quanto o fizeram presumir.
Contudo, não deixou de apreciar as atividades aprendidas na escola. Sustentava que examinando a todas, conhecia-se o seu exato valor e evitava ser enganado por elas.
Julgava ter gasto muito tempo nas línguas, e também com a leitura de livros antigos, com suas histórias e fábulas (que para ele era quase o mesmo que viajar). Depreendendo que, é bom saber dos costumes de outros povos para julgar o nosso mais justamente, porém quem viaja demais se torna estrangeiro do próprio país. E que quando estudamos muito o passado, ficamos ignorantes perante as coisas realizadas no presente.
Deleitava-se principalmente com as matemáticas, por sua certeza e evidência de suas razões; mas ainda não percebia sua verdadeira aplicação, visto que ainda não se houvesse construído sobre elas nada de mais elevado. Com relação à filosofia achava que havia sido cultivada pelos mais elevados espíritos, apesar disso, com todas as dúvidas