disciplinas 12º

Análise do I Capítulo do Memorial do Convento.
José Saramago
Pág. 11:

Poderemos situar o início da narrativa do Memorial do Convento por volta do ano de 1711, pela dedução feita através das primeiras frases do romance, dado o casamento entre el-rei D. João V e a rainha D. Maria Ana ter ocorrido em 1708.

Ler- “D. João V, quinto do nome na tabela real (…), até, (…) como em orações ocasionais”.

A primeira personagem que é apresentada no início da narrativa é D. João V, rei de Portugal nessa altura, governou durante 43 longos anos. É filho de D. Pedro II e da rainha Maria Sofia de Neuburg, foi proclamado rei em 1 de Janeiro de 1707. Casou no ano seguinte com a princesa Maria Ana da Áustria, filha do Imperador Leopoldo I de Áustria e de D. Leonor Madalena.

A rainha é apresentada neste excerto quase unicamente como uma “fêmea”, que espera pacientemente para dar à luz um herdeiro para a coroa portuguesa e espera também pelo seu marido, que irá essa noite ao seu quarto. A rainha tem por função principal a “procriação”, “ainda não emprenhou”. O narrador adopta neste excerto uma linguagem displicente e irónica.

Assistimos também a um atribuir de culpas por parte da Corte à rainha por ainda não ter “emprenhado”, dizem que tem a “madre seca”, e culpa do rei não pode ser, pois a esterilidade não é mal dos homens, muito menos do rei de Portugal e prova disso é a existência de inúmeros bastardos pelo reino. “porque a esterilidade não é mal dos homens (…) abundam pelo reino bastardos da real semente.” O rei é infiel e devasso para com a sua esposa.

Inferiorização da mulher perante o homem. A culpa é da rainha (mulher) e nunca do rei (homem).

Provérbio subvertido: “ainda a procissão vai na praça”.

“D. João, quinto do nome da tabela real, irá esta noite, ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou.”

Divisão e classificação das orações