Direitos Humanos e Didática

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

MARIA STELA GRACIANI
Professora PUC – SP

(...) Eu espero que este Congresso, mais do que um seminário, não seja só para refletir, mas para levantar teses de todos nós em cada canto, em cada lugar desta cartografia, como diziam os que nos antecederam. Ela será marcada por essas perspectivas, por esses sonhos, por essas premissas, por esses pressupostos que aqui já foram discutido pelos que nos antecederam de forma tão brilhante. Que, mergulhados em nosso tempo, nós possamos, cada vez mais, estar ensopados de premissas que lutam, que realmente perseveram nessa direção da dignidade, da liberdade, do não preconceito, da tolerância. É por aí que a gente está percebendo hoje, mais forte do que nunca, a dimensão dessa pedagogia que nós estamos chamando de pedagogia da tolerância. Porque o núcleo de trabalhos comunitários da PUC trabalha com os meninos de rua, com as meninas prostitutas, com os analfabetos, com a questão das escolas.
Mas, hoje, nós vamos falar particularmente daqueles meninos e meninas das periferias das nossas cidades que foram violados, aviltados, achincalhados de todos os direitos, quase que do direito à vida. Eu costumo dizer que a gente está trabalhando com os sobreviventes, aqueles que não morreram de zero a um ano de sarampo, de difteria. Aqueles que conseguiram essa ultrapassagem e estão com a bandeira da esperança na mão.
(...) É com essa responsabilidade que a gente partiu para a escola. Partiu para a Escola João Amós Comênios para apresentarmos um teatro. ‘Se essa rua fosse minha”. Ah, se essa rua fosse minha eu colocava brilhantes para ver as crianças passarem. Mas essa rua, infelizmente, é violenta, é agressiva, é aviltadora. E lá perto da escola João Amós Comênios, que fica no Jardim da Vista Alegre, Zona Norte de São Paulo, um bairro de ocupação, onde as casas vão se construindo num processo árduo, de cinco, seis anos. Um cômodo, dois, três. A renda daquelas famílias é de três salários mínimos, onde moram