Direito
A instrução, como acusação e defesa, encerra-se nesse ponto, confrontando Atena a um dilema inédito (...) (p.134)
Nem os homens nem os deuses estão realmente habilitados a decidir sobre um conflito que mistura intimamente desejos humanos e vontades divinas (...) (p.135)
Um tribunal humano, em suma, mas inspirado por Atenas e votado ao respeito, consagrado por ‘’juramento’’, de uma ‘’lei instituída para sempre’’. No qual reaparece o juramento, mas mobilizado desta vez a serviço de uma instituição ao mesmo tempo nova e duradoura: a lei de justiça cujos princípios Atenas logo explicará. (p.135)
Haverá ameaça de desordem se, por infelicidade, Orestes for absorvido: ‘’é o novo direito que hoje investe tudo, se a justiça e o mal desse parricídio obtiverem a vitoria. ´´(p.135)
Que cidade poderia sustentar-se sem o apoio desse medo legítimo? Contra a impiedade e a arrogância do atrativo do ganho, é à medida que triunfa, enquanto a desmedida se impõe à cólera divina. ’’nem anarquia nem despotismo’’(v.525-526), eis o segredo da justiça e a garantia de uma existência harmoniosa; em troca, ai do ímpio que ‘’se choca contra os escolho da justiça’’ (v.564) seu corpo e seus bens afundarão. (p.135)
O areópago é instituído ‘’para sempre’’, como uma muralha de cidadãos incorruptíveis ‘’ que zelam pela cidade que dormem’’(v.704-705). (p.137)
Conjugando na instituição do direito ‘’moderno’’ da cidade a justiça, o temos e o respeito, Atena reapropria-se paradoxalmente do ensinamento político das Erínias. (p.137)
A meditação de Atenas
Chega então à vez de Atena votar, falando por ultimo a fim de não influenciar o júri, Atena anuncia que votará a favor de Orestes: é que ela, que nenhuma mãe engendrou, ‘’pertence plenamente ao pai’’(v.737). (p.137)
O veredicto é dado sem apelação ‘’ esse homem escapou à justiça do sangue’’. (v.752) (p.137)
Ela (Atena) precisa inventar de novo ‘’ outra coisa’’, sair do impasse e chegar a um ‘’meta-nível’’, romper mais