ANTÍGONA E A ÉTICA I. A TRAGÉDIA “Após a morte de Édipo em Colono, Antígona retornou com Ismene a Tebas, onde seus irmãos Etéocles e Polinices disputavam a sucessão do pai no trono da cidade. Os dois haviam chegado a um acordo segundo o qual se revezariam por períodos de um ano, a começar por Etéocles. Este, porém, transcorrido o primeiro período combinado, não quis ceder o lugar a Polinices, que se retirou dominado pelo rancor para a cidade de Argos – rival de Tebas; lá, após casar-se com a filha do rei Adrasto (Àdrastos), pleiteou e obteve apoio deste à sua idéia de obrigar Etéocles, pela força das armas, a entregarlhe o trono de conformidade com o pactuado. Adrasto pôs à disposição de Polinices um forte exército. Etéocles, conhecendo os preparativos do irmão, aprontou a cidade para enfrentar os inimigos e incumbiu sete chefes tebanos de defender as sete portas da cidade em oposição aos sete chefes argivos, reservando para si mesmo o encargo de enfrentar Polinices. Após renhida luta os sete chefes tebanos e os outros tantos argivos entremataram-se; Etéocles e Polinices tombaram mortos um pela mão do outro. Creonte, irmão de Jocasta e tio de Antígona, assumiu então o poder, e seu primeiro ato após subir ao trono foi proibir o sepultamento de Polinices, sob pena de morte para quem o tentasse, enquanto ordenava funerais para Etéocles, morto em defesa da cidade pelo irmão que o atacava. A peça inicia-se ao amanhecer do dia seguinte à noite em que os invasores argivos haviam sido finalmente derrotados”. Antígona toma, então, uma resolução: apesar do edito proibitório de Creonte, resolve, embora sabendo que vai morrer, dar sepultura a seu irmão Polinices. Ela procura o apoio de sua Irmã Ismene: “Antígona – Pois não manda Creonte dar à sepultura um de nossos dois irmãos, negando-a a outro? A Etéocles, sim, segundo ordena o rito, fez cobrir de terra a fim de ter repouso e honra entre os que estão no mundo subterrâneo. Quanto a Polinices, pobre morto, nem sepultura, nem