Dimensão Morf.
Frederico de Holanda
Gunter Kohlsdorf
INTRODUÇÃO
Uma estrutura de ensino da Arquitetura pressupõe, necessariamente, a adoção de um marco conceitual sobre esse campo de prática e de conhecimento humanos. Até aí estamos todos de acordo. O problema, ao nosso ver, é que tal marco tem permanecido, no mais das vezes, subjacente à nossa prática pedagógica. O resultado é que o ensino do Projeto se dá tradicionalmente como transmissão “osmótica” da prática do mestre: muito mais pela imitação irreflexiva do ofício, do que pela reflexão consciente sobre os temas e problemas colocados.
No campo da Teoria e da História, igualmente, trata-se geralmente de um relato cronológico sobre autores e obras, em vez da reflexão sobre a lógica social do fenômeno estudado.
Não temos a pretensão de negar a existência de reflexões importantes, em nosso campo, realizadas recentemente ou no passado distante. Mas carecemos de um marco conceitual abrangente e atualizado que, em vista da complexidade crescente de nossa prática e do conhecimento sobre ela, recoloque ao mesmo tempo a especificidade da Arquitetura e as suas relações com outras práticas e outros conhecimentos.
Neste capítulo, nosso objetivo consiste, por um lado, no (re)esta-belecimento de tal marco conceitual e, por outro, na exposição de indicações de como tal marco implica diretrizes básicas de ensino.1
ABARCANDO O MUNDO COM AS PERNAS
Em De Architectura, Vitrúvio (1960) estabeleceu duradouras idéias sobre a natureza da arquitetura. Dois pontos merecem especial atenção: o tipo de conhecimento implicado na teoria e na prática arquitetônicas, e as tarefas substantivas que constituem este campo.
Quanto ao tipo de conhecimento do campo da arquitetura, as palavras iniciais de Vitrúvio no Capítulo 1 (Livro 1) foram: "O arquiteto deve estar equipado com conhecimento de muitos ramos de estudo e vários tipos de aprendizado, pois é por meio de seu julgamento que todo o
1
O