Dimens Es Do Trabalho
Trabalhadores de enfermagem, cotidianamente, vivenciam problemas e conflitos morais que podem lhes provocar sofrimento moral. Contraditoriamente, o sofrimento moral, apesar de doloroso, deveria constituir-se num importante mobilizador para o questionamento, o diálogo e o enfrentamento coletivo, na instituição, das inúmeras tensões de valores presentes nas ações profissionais, com repercussões positivas e negativas para o cuidado dos doentes. Vivenciar o sofrimento moral de modo solitário, isolado, sem interconexão com os demais trabalhadores, apenas intensifica o peso negativo deste sentimento, podendo contribuir para a sensação de impotência, desamparo e culpa com o afastamento dos doentes e de seu cuidado, bem como para o abandono da profissão.
Portanto, para o exercício saudável da enfermagem, são fundamentais: o diálogo aberto entre chefias e enfermeiras, no sentido de buscar medidas para evitar frustrações, prevendo mudanças; maior envolvimento dos enfermeiros no desenvolvimento de políticas organizacionais que visem a nutrir melhores valores individuais; encorajamento para participar dos comitês de ética; presença de educação permanente que fortaleça as escolhas éticas; clarificação contínua de valores, a partir de uma ego-reflexão ou de atividades grupais que visem à manutenção de ideais individuais vivenciados, tendo como parâmetros o código de ética dos profissionais da enfermagem.
Enfocar o sofrimento moral provocado por problemas e dilemas morais presentes no trabalho da enfermagem, na assistência, no ensino e na pesquisa, parece fundamental não apenas para desvelar um fenômeno por muitos ainda desconsiderado, apesar de vivenciado quase que diariamente, mas, também, para destacar a necessidade de problematização e valorização da dimensão ética do trabalho em saúde.
Bibliografia: http://www.scielo.br/