Dilema de um vegano
Quando o vegano quer comer alguma coisa,prepara o alimento na cozinha da sua casa com a consciência de não infringir nenhum dos títulos do seu rigoroso regulamento pessoal.Vale-se de legumes,hortaliças,gorduras vegetais,proteína texturizada,enlatados ou congelados de indústrias reconhecidamente vegetarianas (isso quando ainda não fez a transição para uma alimentação menos processada,coisa muito comum) e dos artigos que na despensa só entram após meticulosa análise dos ingredientes utilizados em sua composição.Há um trabalho de garimpo nisso tudo que só a confiança no acerto de suas decisões e a paixão pela miltância podem explicar e justificar,pois as compras demandam tempo,cautela e informação.
Se,entretanto,esse “militante” trabalha fora e vale-se de restaurantes a La carte,por quilo ou bufê para almoço,lanches ou jantar,há problemas graves e comprometedores à espreita,pois no preparo dos mais diversos pratos com certeza estará presente o elemento animal,do caldinho de galinha-que não faz mal a ninguém!-e do açúcar refinado branco à inocente sobremesa de frutas com sorvete,pudins e bolos cremosos com apelos irresistíveis.
Ao abordar o que chama de “desordem alimentar nacional”,Michael Pollan toma emprestado de Paul Rozin,psicólogo e pesquisador da Universidade da Pensilvânia,a expressão “dilema do onívoro”,utilizada para designar a dificuldade das escolhas alimentares que brota extamente na possibilidade de comer quase qualquer coisa que a natureza tenha a oferecer,pois a escolha pode recair sobre elementos com capacidade para adoecer ou até mesmo matar o homem.É preciso escolher com critérios rigorosos,pois aquele cogumelo aparentemente suculento pode esconder o tóxico mais letal.
A questão do que comer na próxima refeição,para um comedor especializado,não poderia ser mais simples:ele come o que está à disposição,como para um coala australiano estão disponíveis as folhas de um eucalipto e para um tamanduá-bandeira oferem-se cupinzeiros e