Diego Garcia de Brito

NÓS QUE AQUI ESTAMOS FIZEMOS POR VÓS
Lúcia Arrais MORALES1
Resumo: O artigo discute o documentário do diretor Marcelo Masagão “Nós que aqui estamos por vós esperamos”. Argumenta que o filme é um sintoma de nossa época e não uma reflexão sobre ela. A demonstração parte de dois aspectos nele identificados: a simplificação do sentido do trabalho no viver humano e a ênfase em gerar similitudes desconsiderando especificidades geográficas, históricas, sociológicas e culturais. Para tanto, escolhe-se um conjunto de cenas e a ação analítica dirige-se para abrigá- las em um contexto do qual foram desconectadas. Como resultado, atinge-se uma reflexão não apenas sobre o modo de manejar dados históricos, mas também como uma dada concepção cultural de história comanda essa construção.
Palavras-chave: documentário, século XX, história, trabalho, similitude.
1 – Introdução
Nós que aqui estamos por vós esperamos (BRA, 1999) está na classe das obras cinematográficas que recebem a designação de documentário. Foi concluído, em 1998, pelo cineasta paulista Marcelo Masagão, sendo o resultado de muito trabalho exigindo, além do domínio de técnicas envolvidas em sua feitura, um conjunto de habilidades sociais necessárias para torná-lo exeqüível. Entre elas, os caminhos para a captação de recursos e os contatos com as instituições detentoras da guarda das imagens utilizadas na montagem. A produção do filme chegou aos 140 mil reais dos quais mais da metade foi aplicada em obrigações para com os direitos autorais sobre as imagens.
Nós que aqui estamos por vós esperamos ganhou, em 1999, vários prêmios entre eles o de melhor longa-metragem do 4º Festival Internacional de Documentários de São
Paulo “É tudo verdade”, o prêmio GNT de renovação da linguagem, o de melhor montagem no Festival de Gramado e o de melhor roteiro, melhor montagem e melhor filme no júri popular do Festival de Cinema Nacional de Recife.
A frase que dá título ao filme encontra-se no portão de