Dialeto Sertanejo
Na obra apresenta um dialeto mineiro, que coexiste, ou melhor, que coincide, na obra, com o falar do sertão, este, entretanto, de alcance rural mais amplo, pois o sertão é uma vasta e indefinida área do interior do Brasil, que abrange vários estados.
Encontra-se em “Famigerado” expressões familiares, típicas dessa linguagem regional sertaneja. É o caso da expressão de banda, que, com o sentido ‘de lado’ não se verifica nos falares urbanos, a não ser na boca de migrantes internos, que conservam na cidade traços de sua linguagem rural de origem. No conto, encontramos não só de banda, mas ainda banda de fora:
(...) e embolados, de banda, três homens a cavalo.
Assim, porém, banda de fora, sem a-graças de hóspede nem surdez de parede, tinha para um se inquietar (...)
São típicas também do falar sertanejo palavras aumentadas com um a protético, como alimpar em vez de limpar, ou agarantir, em vez de garantir.
Ainda provenientes do falar sertanejo são:
•o uso do pronome de tratamento vosmecê, cerca de uma dezena de vezes, no diálogo, quando fala o jagunço sertanejo (ao contrário da forma de tratamento o senhor, usada pelo interlocutor culto);
•o emprego do sufixo -udo, como em grossudo, uma jereba papuda;
•a expressão de causa pra mor de, como na frase (...) vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta.
•nessa mesma frase, o uso de três expressões com o mesmo sentido – sem parar, expresso e direto, redundância expressiva típica da língua coloquial.
Convém notar ainda que, além desses e de outros fatos morfossintáticos, são típicas do falar sertanejo algumas realizações fonéticas que se distanciam da fonologia do português culto e que se encontram representadas nos diálogos de Famigerado. Por