Dialetica do esclarecimento adorno
No texto os autores traçam o conceito de esclarecimento como o progresso do pensamento que sempre persegue a meta de retirar os seres humanos de um estado de terror e medo perante a natureza e torná-los, nesse processo, dominadores conscientes das forças naturais. Antes desse processo, o mundo apareceria ao homem como encantado, ou seja, subjugado por um encantamento, um feitiço, em transe, situação em que a natureza parecia revestida de poderes divinos, sobrenaturais, carregados de uma significação universal imediata. O esclarecimento se considera a si próprio, em linhas gerais, a fuga da concepção mítica do mundo através do aumento contínuo do nível de saber. Salientando, esse conhecimento não é obtido pelo prazer da verdade, da contemplação do que é verdadeiro em si mesmo, mas sim tendo em vista a dominação imediata tanto da natureza quanto dos outros homens através da própria natureza dominada. Assim, a ciência teve, desde sempre, a técnica como essência, procedimento eficaz, que somente se procura para aumentar a dominação sobre a própria natureza: “poder e conhecimento são sinônimos”. Daí precisamente o fato de o esclarecimento ser totalitário, pois para sua própria realização ele precisa se realizar em todos os âmbitos imagináveis do conhecimento: não pode restar nenhum mistério, nenhum enigma, nada de obscuro, nem mesmo o desejo de revelar qual seja esse mistério, pois esse deve ser extirpado, e não mostrado e evidenciado por alguma via, como narrativas e imagens. Uma das críticas do esclarecimento ao mito, segundo o texto, seria o fato de o pensamento mítico ver nas coisas de que o homem tem medo apenas uma projeção de suas próprias angústias, conflitos, temores, ânsias, etc. Os deuses e todas as forças divinas seriam o resultado da projeção de tais sentimentos na natureza para, de alguma forma, tentar compreendê-las através desse processo de identificação com a própria natureza. Ou seja, esta seria