deu a louca nos contos de fasa
Minha escolha de imagens girou em torno do tema natureza morta. Talvez esse tema ainda seja considerado no mundo das Artes como menor ou sem importância. Mas se analisarmos bem, podemos ver a visão que um artista tem do mundo observando essas obras. A visão mais nua e crua que o artista pode ter, pois para pintar frutas, vasos e flores poderíamos pensar que não necessitam de algum tipo de sentimento.
Quando observo a pintura de Caravaggio, notoriamente, conseguimos enxergar a essência de sua concepção de arte, a realidade como ela é, sem idealizações ou enfeites.
De certa forma, é enriquecedor colocar imagens uma ao lado da outra para poder refletir sobre o que elas tem em comum ou suas diferenças. Acho que o primeiro passo é escolher o artista, aquele que expressivamente colocou sua ideia de forma a funcionar bem em relação a esse conjunto que se pretendia formar. O mais difícil vem agora: qual o abjetivo quando um artista decide pintar uma natureza morta? Essa pergunta eu tentarei responder no decorrer desta reflexão.
A mais enigmática delas é a de Caravaggio. Com seu gênio selvagem, consegue dar o ar mais realista e dramático que uma pintura de natureza morta pode adquirir. É possível enxergar nos seus traços a visão nua e crua que possuía do mundo. Caravaggio enxergava nas tabernas e prostíbulos, a alma das pessoas que ali conviviam com ele e nas frutas a alma da maça com um pequeno machucado que também queria ser aceita, queria ser consumida. Sua tentativa era mostrar que os ‘marginais’ ou os ‘excluídos’ podem ter a face do sagrado, podem mostrar também o seu melhor sabor, mesmo que de forma torta ou feia. O apelo dramático desta imagem, característica do Barroco, mostra uma exposição das feridas, das marcas e da exposição ao tempo que envelhece e torna mais feio e real o mundo em que vivemos.
A imagem que se segue é de Jurandir Ubirajara Campos, pintor paulista que ilustrou os livros de Monteiro Lobato e introduziu a pintura moderna na