Determinismo, ciência e literatura: o cortiço de aluísio azevedo
Introdução – Noção de determinismo
Segundo a enciclopédia digital Wikipédia, determinismo “é a teoria filosófica de que todo acontecimento (inclusive o mental) é explicado pela determinação, ou seja, por relações de causalidade[1]”. Dentre seus tipos, o mais famoso seria o ambiental ou geográfico em que viceja a “concepção segundo a qual o meio ambiente define ou influencia fortemente a fisiologia e a psicologia humana, de modo que seria possível explicar a história dos povos em função das relações de causa e efeito que se estabeleceriam na interação natureza/homem[2].”
As várias manifestações de determinismo no final do século XIX
O século XIX, sobretudo em sua segunda metade, foi emblemático no sentido de rompimento com o “espírito humanista das luzes”, ancorado na idéia de liberdade e igualdade dos povos e entre os povos. Por meio de teorias e elucubrações, diversos cientistas e intelectuais, amparados na biologia e determinismos, de diferentes naturezas, enfatizaram a diferença e defasagem entre os grupos humanos. Esta primeira parte tem como objetivo tratar brevemente alguns grupos, nomes e teses influentes nos séculos XIX. O determinismo começa a se manifestar a partir da visão poligenista, que acredita na regência dos homens pela natureza. Esta: “permitia o fortalecimento de uma interpretação biológica na análise dos comportamentos humanos, que passam a ser crescentemente encarados como resultado imediato de leis biológicas e naturais” (SCHWARCZ, 1993, P. 48). Desse paradigma, surgiriam escolas como da Frenologia, Antropometria e Craniologia que estabeleciam rígidas correlações entre conhecimento exterior e interior, entre o corpo e o espírito. Um nome popular, oriundo desse tipo de escolas, é o de Cesare Lombroso (1835-1909), que acreditava que a criminalidade era um fenômeno físico e hereditário