despotismo na visão de montesquieu
Uma só pessoa, sem lei e sem regra, tudo conduz, por sua vontade e por seus caprichos. nos estados despóticos, onde não existem leis fundamentais, também não há deposito de leis. Vem daí que, nesses países, a religião comumente tenha tanta força. É que ela constitui uma espécie de deposito e de permanência. E, se não é religião, o que aí se venera são os costumes, em vez das leis.
Da natureza do poder despótico resulta que o único homem que o exerce faça-o igualmente exercer por um só homem. Um homem, a quem os cinco sentidos dizem sem cessar que ele é tudo e que os outros, nada, é naturalmente preguiçoso, ignorante e voluptuoso. Abandona, pois, os negócios públicos. Porém, se os confiasse a diversas pessoas, haveria disputas entre elas. Far-se-iam maquinações para ser o primeiro escravo. O príncipe seria obrigado a tornar a entrar na administração
Honra
Não é a honra o princípio dos estados despóticos. Como a honra tem suas leis e regras que não poderia descumprir, e como depende muito de seu próprio capricho, e não do de outrem, ela não pode encontrar-se a não ser em estados em que a constituição seja fixa e que tenha leis certas. Ela tem regras a que obedece e caprichos que sustenta. O déspota não possui regra alguma e seus caprichos destroem todos os outros.
Princípio
É necessário o temor num governo despótico. Quanto à virtude, ela não é necessária ali, e a honra seria perigosa. O imenso poder do príncipe passa em sua totalidade aqueles a quem ele confia. Pessoas suficientemente seguras de si teriam condições de fazer revoluções. É preciso, pois, que o temor deite por terra todas as coragens e aniquile até mesmo o menor sentimento de ambição.
Diferença da obediência nos governos modernos e nos despóticos
Nos estados despóticos, a natureza do governo exige extrema obediência, e a vontade do príncipe, uma vez conhecida, deve ter seu efeito tão infalivelmente quanto uma bola lançada contra outra. Não há moderação,