Desigualdades de repartição do rendimento

Atualmente vivemos uma crise financeira à escala mundial o que mostra a relação existente entre as economias de um mundo globalizado. Estamos assim, a atravessar a maior crise financeira enfrentada pelo capitalismo desde 1929, sem perspectivas claras sobre a retoma de novos ciclos de expansão. Mas concentremo-nos agora na economia portuguesa que se encontra numa situação bastante complicada em que o crescimento económico tem-se revelado fraco, o défice da balança corrente localiza-se nos 10% do PIB e os indicadores de competitividade têm sido afetados. A débil posição orçamental e financeira de Portugal (com uma dívida pública de cerca de 90% do PIB e uma dívida no sector privado de cerca de 260% do PIB, no final do ano 2010) foi exposta derivada da crise global. Os bancos que financiaram este avolumar de dívida apresentam actualmente os mais elevados rácios entre créditos concedidos e depósitos obtidos da Europa. Esta crise foi derivada do facto de durante anos a população portuguesa ter vivido com novas condições monetárias que propiciavam melhor (e mais barato) recurso ao crédito, o que fez com que se desenvolvessem atitudes e comportamentos excessivamente consumistas que levaram ao aumento da despesa das famílias e por sua vez ao crescimento dramático do endividamento. Contudo as políticas orçamentais expansionistas permaneceram, posto isto era previsível este desfecho já que era necessário consolidar as contas públicas.
A crise tem consequências económicas, políticas e sociais como o desemprego crescente, a pobreza, que começa a ser muito preocupante, a precariedade do emprego, as falências das pequenas e médias empresas, que se anunciam com extrema frequência, e as inaceitáveis desigualdades sociais. Estamos hoje presentes a maior taxa de desemprego dos últimos 80 anos, sendo os mais afetados por este problema os jovens e os trabalhadores com menos qualificações. Contudo é notável o crescimento razoável do desemprego dos mais velhos e mais qualificados.