Desenho III
ANAIS
III FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA EM ARTE
Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2005
AS TRÊS DIMENSÕES DA IMAGEM ARTÍSTICA:
UMA PROPOSTA METODOLÓGICA EM HISTÓRIA DA ARTE
Artur Freitas*
RESUMO: Este artigo é uma proposta metodológica para a interpretação histórica das imagens artísticas. O eixo, aqui, muito simples, consiste em propor que as fontes visuais, e sobretudo as artísticas, sejam vistas em função de três dimensões: a formal, a semântica e a social – e em perceber que essa prosaica constatação pede, no entanto, um olhar ampliado. Recorreu-se, para tanto, à contraposição temática das principais metodologias disponíveis, exemplificando, sempre que possível, suas maiores incoerências ou virtudes, para daí deduzir uma série bastante aberta de propostas metodológicas. O primeiro capítulo investiga a dimensão formal das imagens, com ênfase à distinção entre isolamento ontológico e metodológico. O segundo capítulo, em oposição ao anterior, trata da dimensão social das imagens, de sua condição de artefato que circula por certas instâncias. E o terceiro capítulo, por sua vez, reavalia a idéia de imagem como signo, abordando sua dimensão semântica e buscando entendê-la como parte constitutiva da cultura.
Conclui-se, por fim, que se deva privilegiar justamente a interação entre as dimensões da imagem, escapando tanto das opções deterministas quanto das vertentes ontológicas do formalismo. FORMALISMO E ISOLAMENTO METODOLÓGICO
Nas décadas de 1950 e 1960, Roland Barthes leva adiante o projeto saussureano de uma
“semiologia geral”, pondo ao centro da “estrutura”, como modelo das relações possíveis, a linguagem verbal. Na contrapartida, e simultaneamente, o sociólogo francês Pierre Francastel denuncia o centralismo do “modelo filológico” de Barthes – “neoplatônico”, em última análise –, e contraargumenta afirmando que nenhuma das formas de um complexo cultural pode ser reduzida às
*
Doutorando em História pela