Desconstruindo o preconceito linguistico
Para encontrarmos a resposta da pergunta iniciada no capítulo, Bagno primeiro nos leva a algumas considerações. Ele comenta que já existem muitos professores alertados em debates e conferências ou pela leitura de bons textos que já não recorrem tão exclusivamente à gramática normativa. Só que infelizmente eles sentem falta de outros instrumentos didáticos que o ajudem nessa abordagem diferenciada em função da sociolingüística.
Esse capítulo é essencialmente reservado a uma crítica, por que o acesso às formas prestigiadas de falar é exclusivo a poucas pessoas no Brasil? Diríamos que essa pergunta envolve razões políticas, econômicas, sociais e culturais. Podemos observar isso só na quantidade injustificável de analfabetos que existe neste país.Mas não estamos falando só em analfabetos absolutos, existem aqueles que não compreendem textos mais longos, ou que ainda permanecem no nível básico e não são considerados completamente alfabetizados. Temos milhões de desempregados e ao mesmo tempo sobram vagas para cargos e funções que exigem um nível de formação um pouco acima daquela média. Com tantos analfabetos plenos e funcionais, lamentar a “decadência” ou “a corrupção” da “língua culta” no Brasil é, no mínimo, uma atitude cínica.
Segundo, por razões históricas e culturais, a maioria das pessoas plenamente alfabetizadas não cultiva nem desenvolvem suas habilidades lingüísticas. Ler e, sobretudo, escrever não fazem parte da cultura das nossas classes sociais mais escolarizadas. Além disso, nossa