Deriva
A narração inicia-se com a história de um simples homem e como o uso disciplinado do tempo influenciou sua trajetória e a de seu filho. Ao longo de sua vida, Enrico e sua mulher, Flávia, se comprometeram a economizar o dinheiro que conquistavam pouco a pouco para comprar uma casa perto de Bostom com o intuito de dar aos seus filhos um lugar melhor para se viver. Mesmo com seu emprego humilde de faxineiro e sua mulher exercendo a profissão de passadeira, Enrico realizou seu sonho após muitos anos e se tornou um vencedor reconhecido por seus vizinhos antigos. Ele era visto como um homem que superou suas dificuldades e conquistou uma vida melhor, diferentemente do que acontecia em seu novo bairro, no qual era apenas mais um cidadão discreto: duas diferentes visões do mesmo uso controlado do tempo. Caminhando ao lado dessa vontade de dar um futuro melhor aos seus filhos, Enrico carregava um sentimento de preconceito em relação à negros, estrangeiros e, principalmente, aos integrantes da classe média. Ele se sentia ignorado pelos chamados burgueses e não gostaria que seu filho, Rico, vivesse esta mesma situação.
Anos depois de ter conhecido Enrico, o autor-narrador reencontra seu filho em um vôo de Nova York para Viena e desperta uma vontade de saber que fim levou esta história. A primeira impressão era de um homem bem sucedido e bem trajado. Após uma breve conversa, o narrador descobriu que Rico concretizou os desejos de mobilidade ascendente (crescimento social) de seu pai, apesar de rejeitar suas idéias burocráticas. Ao contrário de seu pai, Rico se adaptou a diversas situações e ambientes após diversas propostas de trabalho terem sido feitas à ele e à Jeannette, sua mulher. Quando o mesmo abriu sua própria empresa de consultoria, após sua esposa ter se estabelecido como líder de uma equipe de contadores, o medo da perda de poder do trabalho veio à tona. O que antes não era de sua responsabilidade, como a diversidade de funções e obrigações, passou a