Depressão infantil: brincadeiras em branco e preto
Diversão, amigos, sorrisos, boas notas, movimentos e cores. A infância pode ser retratada dessa forma para a maior parte das crianças. No entanto, para algumas delas essa fase da vida mais parece um filme monocromático. Ao contrário do que possa acreditar, nem sempre preocupações e tristezas infantis são passageiras. Sim, as crianças podem sentir depressão.
Com alta prevalência na população mundial, a depressão é hoje considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde. Segundo pesquisas nacionais, o índice de depressão chega a 2% em crianças e 5% em adolescentes. A versão mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV) define este transtorno como um problema psicológico complexo, caracterizado principalmente por estado de humor irritável e/ou deprimido (disforia) e diminuição do interesse ou prazer nas atividades diárias (anedonia).
Outras características são perda ou ganho significativo de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor; cansaço ou perda da energia habitual; sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva; diminuição da capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões e, finalmente, pensamentos de morte recorrente e/ou tentativas de suicídio. Para se considerar o diagnóstico de depressão maior, pelo menos um dos sintomas principais e quatro dos secundários devem estar presentes durante o tempo mínimo de duas semanas.
Mesmo diante da similaridade dos sintomas em crianças, adolescentes e adultos, pesquisadores buscaram adequar as diretrizes diagnósticas para a realidade infantil, acrescentando comportamento agressivo, mudanças no rendimento escolar, redução da socialização, recusa de ir à escola ou de participar de atividades acadêmicas, além de queixas somáticas, sem constatação clínica.
Nos períodos iniciais da vida, os sintomas depressivos variam conforme a faixa etária. Em crianças até a idade de seis anos, os