Demografia - perfil do consumidor brasileiro revista exame 2007
46 milhões de novos consumidores | 04.10.2007
Poucos mercados no mundo se multiplicaram e se modernizaram na mesma velocidade que a registrada no Brasil nas últimas quatro décadas
Lia Lubambo
A rua Oscar Freire, em São Paulo: as vendas de artigos de luxo crescem 10% ao ano no país
Por Samantha Lima
EXAME Não é exagero dizer que o Brasil de 1967 tinha um mercado de consumo de padrão albanês. Numa de suas pontas, quase não havia quem comprasse. Apenas 15% da população na época, o equivalente a 13,5 milhões de pessoas, tinha dinheiro suficiente para adquirir produtos que fossem além do básico. Na outra, não havia algo intrínseco a qualquer economia que se pretenda desenvolvida -- competição para valer. O mercado esquálido não incentivava o surgimento de novas empresas ou mesmo a melhoria das existentes. E a entrada de artigos importados que pudessem derrubar preços e elevar a qualidade era uma possibilidade que cheirava a crime de lesa-pátria. Aparelhos de TV -- em preto-e-branco, claro -- funcionavam com as primitivas válvulas. Os telefones fixos eram um patrimônio incluído na declaração de imposto de renda. (Apenas 236 500 contribuintes preenchiam, a caneta e em letra de forma, os formulários da Receita Federal. No ano passado, foram 23 milhões, 96% deles usando a internet.) Os carros enferrujavam. Existiam na época apenas 26 modelos de automóveis no Brasil. O mais barato deles era o desconfortável jipe Willys Overland, que custava 35 200 reais em valores atualizados. (Cerca de 10% das famílias tinham renda anual próxima a isso.) O pagamento, quase sempre, era feito em dinheiro vivo. No Brasil de 1967, não havia hipermercados, existia apenas uma marca de cartão de crédito em circulação e o primeiro shopping center, o Iguatemi, em São Paulo, acabava de completar seu primeiro ano de operação. Direitos do consumidor? Bem, se algo desse errado após a compra -- e muitas