Delta ala
O chumbo é um elemento especialmente importante na saúde ocupacional, devido a sua ampla utilização em processos industriais e sua toxicidade aguda e crônica. Por ser altamente resistente à corrosão atmosférica e à ação de ácidos, especialmente o sulfúrico, este metal é muito utilizado em construções, na fabricação de baterias chumbo-ácidas, na fabricação de produtos químicos, tubos, conexões e como envoltório de cabos telefônicos e outros. Desta forma, casos de intoxicação ocupacional causados pelo chumbo são bastante comuns, sendo denominados intoxicação profissional pelo chumbo (IPCH), e por ser uma doença grave, incapacitante e de grande incidência ocupacional, é considerada um problema de saúde pública, sendo passível de prevenção através da adoção de processos de higiene industrial e equipamentos de proteção coletiva.
A toxicidade do chumbo se manifesta principalmente em quatro sistemas: gastrointestinal, renal, nervoso e hematopoiético, sendo este último de grande importância no monitoramento biológico à exposição a este metal. O principal efeito do chumbo neste sistema é a redução dos níveis do grupo prostético heme, causado pela inibição de algumas enzimas utilizadas na síntese da hemoglobina, devido a ligação do metal à enzima ácido δ-aminolevulínico desidratase (ALA-D), causando o acúmulo do ácido delta aminolevulínico (ALA) no sangue e na urina.
A ALA-D é a enzima mais intensa e precocemente inibida pelo chumbo, seguindo-se, por ordem decrescente, a ferro-quelatase, a coporfirinogênio-oxidase e a porfobilinogênio-desaminase. Na sequência desta ação inibitória acumulam-se os respectivos substratos, verificando-se uma elevação dos níveis sanguíneos e da excreção urinária de ácido δ-aminolevulínico (ALA-U) e de coproporfirina III (COPRO-U) e dos níveis eritrocitários de protoporfirina IX.
A diminuição da síntese do heme conduz, por um mecanismo de retroalimentação (feed-back negativo), a um aumento da atividade da ALA-sintetase (ALA-S), com