Delmo
O ser humano é selecionado e catalogado individualmente, não no sentido de valorizar suas particularidades que o fazem um ser único, “um mamífero com um grande cérebro”, mas para melhor controlá-lo e conhece-lo.
O sentido é dissecar o corpo social, transformar esta massa em micro seções individuais, para conhecer e controlar. O Poder nesse sentido é exercido de forma celular. Pois como diz Foucault, “toda forma de saber produz poder”. Dividir, classificar, conhecer cada célula social para governar. O poder é então baseado na “Microfísica do Poder”, outra obra de Foucault. O filósofo aponta que a motivação de toda esta rede de controle se justifica pela necessidade que a burguesia teve de efetivar um controle mais determinado sobre as massas, que poderiam representar um perigo explosivo, se fossem levados a sério os ideais da Revolução Francesa e do Iluminismo.
Segundo Foucault, o “poder das sociedades disciplinares” se iniciou no modelo do Panóptico de Jeremy Bentham (1748-1832), no qual o filósofo idealizou o sistema de prisão com disposição circular das celas individuais, dividas por paredes e com disposição também de um método para observação do Diretor por uma torre do alto, no centro, de forma que o Diretor “veria sem ser visto”.
Isto permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco, pelo Diretor, mantendo os observados num ambiente de incerteza sobre a presença concreta do vigilante. Essa incerteza resultaria em eficiência, pois tendo invadida a sua privacidade de modo incerto, ele