Delgado de Carvalho
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Therezinha de Castro**
“Não é o posto que honra o homem; é o homem que honra o posto”.
Periandro
O livro Pedro II e a condessa de Barral, escrito pelo neto desta última, marquês do mesmo nome, baseado em cartas trocadas no final do Século XIX por esses dois personagens, nos traz a seguinte informação. A esposa de Carlos Dias
Delgado de Carvalho, nascida Lydia Tourinho, havia dado à luz ao seu primeiro filho; era um menino tão fraquinho, que por certo não iria vingar. Prognóstico errado - o menino viveria a plenitude de seus 96 anos, e quem na realidade não sobreviveria seria a mãe, que 20 dias depois expirava, vítima da febre puerperal.
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Originalmente elaborado para publicação nesta mesma Série, Memória Institucional, em 1995.
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Geógrafa do IBGE e Professora do Colégio Pedro II.
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Geografia e geopolítica
������������������������ A contribuição de Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro
O menino, nascido em Paris a 10 de abril de 1884, na Legação do Brasil, onde o pai exercia o cargo de Secretário, receberia o nome de Carlos Delgado de Carvalho.
Quase o nome do pai, mas não o mesmo.
O que era a Europa, ou mais particularmente a França, no momento em que nascia Carlos Delgado de Carvalho?
A indústria, graças aos progressos técnicos e aperfeiçoamento dos equipamentos mecânicos estava em franco desenvolvimento, sobretudo nos setores têxtil e metalúrgico.
Já a agricultura estava em baixa, pois os progressos nos meios de transporte e a queda nos fretes dos preços facilitavam a chegada à Europa Central e Ocidental de produtos provenientes dos Estados Unidos e mesmo da América do Sul. A adoção de processos frigoríficos facilitava as exportações de carne da Argentina, mas, apesar de consumir o nosso café, para o francês médio da época Buenos Aires era a capital do Brasil.
Impunha-se o protecionismo, e no ano de 1885 os cereais estrangeiros passavam a ser pesadamente taxados em França, que a Lei Méline (1892) enfeixaria num