Deficiência de ferro
Revisão / Review
Deficiência de ferro na gestação, parto e puerpério
The iron deficiency in pregnancy, labor and puerperium
Lilian P. Rodrigues1 Silvia Regina P. F. Jorge2
A anemia por deficiência de ferro representa desordem nutricional de maior prevalência em todo o mundo. As duas causas mais comuns de anemia na gestação e pós-parto são a deficiência de ferro e as perdas sanguíneas agudas. Na gestação, as mudanças fisiológicas podem dificultar o diagnóstico das doenças hematológicas. O propósito deste estudo é revisar a deficiência de ferro na gestação, as consequências adversas materno-fetais, o diagnóstico e manejo da anemia na gestação. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl.2):53-56. Palavras-chave: Anemia; deficiência de ferro; gestação.
Introdução A gravidez impõe adaptações ao organismo materno. Ajustes fisiológicos são necessários para que ocorra o adequado desenvolvimento do produto conceptual. Muitas dessas mudanças iniciam-se precocemente e se estendem por toda gestação até o término da lactação. Anemia fisiológica da gravidez O volume sanguíneo começa a aumentar desde o primeiro trimestre, por ação de hormônios – estrogênio e progesterona – e sob a influência do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Atinge platô ao redor da 30ª semana, com aumento de 50% (1.200 mL a 1.500 mL) em relação ao encontrado no período pré-conceptual. Consequentemente, o débito cardíaco se eleva em 40% a 50%. Ocorre aumento da massa eritrocitária em menores proporções, 20% a 30% (300 mL) principalmente em resposta à atividade aumentada da eritropoetina e hormônio lactogênio placentário, que estimulam a eritropoese medular (hiperplasia medular eritroide). Para acomodação desta expansão volumétrica, a resistência vascular periférica diminui.1,2
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Estas adaptações gravídicas são possíveis não só pelo aumento da taxa de absorção do ferro como também pelo aumento da transferrina circulante devido ao