Defeitos
Sabe-se que as ciências usam linguagem própria- a chamada linguagem acadêmica.
No entanto, este recurso dificulta o entendimento de quem não é da área. Não há problema para aquelas práticas que ficam no próprio âmbito do saber (Física, por exemplo), o que não é o caso do Direito que tece entendimento com o cidadão leigo. É a linguagem técnica, ou seja: um modo de lidar com a língua própria, como a dos operadores do Direito e que se vale de um universo de palavras (que os estudiosos denominam léxico) peculiar dessa área de atuação humana, o que levou a Escola Superior de Magistratura a procurar resolver o excesso de “juridiquês” na vida do advogado e dos documentos elaborados.
Questiona-se sobre o verdadeiro acesso livre aos direitos do cidadão, uma vez que ele não entende o uso de algumas palavras ou o excesso de Latim na redação escrita ou na fala do profissional do Direito. É, por exemplo, o caso do verbo citar que faz uma deslocamento de sentido – de mencionar para referir-se ao ato processual através do qual o réu é chamado a juízo a fim de apresentar sua defesa em uma ação proposta contra ele.Exemplo: fulano foi citado ( foi chamado a juízo...). Outro exemplo é o Latim, de grande utilização na vida forense, que foi a origem das línguas neolatinas (francês,italiano,espanhol e o romeno). Assim como no início da formação dos novos idiomas, também foi imposto, mas as trocas culturais foram transformando e houve, na mesma raiz, a diversificação. Nesta perspectiva, petições, ofícios, laudos, certidões e inclusive decisões e sentença devem ter linguagem acessível.
As ciências que estudam a linguagem apregoam que o povo faz a língua, que a língua enriquece na interação das práticas sociais.Portanto, no cotidiano da justiça brasileira, há a imposição de um universo de significados sobre aqueles que precisam de ajuda.
Portanto, depende de você, futuro advogado, a luta para que o direito de cada homem seja facilmente exposto a ele – com clareza.