Debates historicos
O falecido José Honório Rodrigues, um respeitado historiador brasileiro, argumenta, com convicção, que a nação já havia existido há muito tempo. De acordo com ele, D. Pedro I descobriu que os brasileiros estavam animadamente preparados para endossar sua declaração de independência do Brasil e que permaneceram unidos, a partir de então, por um sentimento nacional. O autor refere-se ao “sentido profundo da nossa história nacional: A unidade é o tema central. é a motivação permanente”. Continua José Honório Rodrigues: “Desde o princípio a unidade foi uma aspiração partilhada por todos”. E acrescenta ainda: “O sonho de um Brasil, único e indivisivel, dominou todos os brasileiros (demonstrando) o orgulho nacional nascente”[3]. Rodrigues segue a trilha aberta por Manuel de Oliveira Lima (1867 – 1928), quem afirma que, antes da separação de Portugal, o Brasil já tinha seu objetivo: “aquilo que já passara a ser, expressa ou latente, sua aspiração comum (...) --a independência”[4].Essa visão apareceu nos primeiros trabalhos publicados pelo prestigiado e semi-oficial Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado por Dom Pedro II, a partir de 1839[5], e recorre em histórias intelectuais, tais a que E. Bradford Burns escreve sobre o nacionalismo brasileiro: “O crescimento da consciência nacional (...) teve seu triunfo inevitável na proclamação da independência do Brasil (...) o Brasil apareceu e cresceu como uma nação unificada graças, pelo menos em parte, ao nativismo viril ou nacionalismo precoce”. Esse “sentimento nacional” e “sentimento de devoção à sua terra natal”, acrescenta Burns, “ajuda a explicar porque aquele gigantesco país, diferente das outras enormes áreas administrativas da América Latina colonial, não se fragmentou após a independência”[6]. Rodrigues, Oliveira Lima e Burns tomam como certa a unidade brasileira[7]. Eles precisam apenas estabelecer que alguns brasileiros nativos vêem a si mesmos como diferentes e oprimidos por