De álvares de azevedo – breve análise feita por laís azevedo
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio enconsto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já na vive!
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Álvares de Azevedo, romântico brasileiro influenciado por Byron, Musset e outros que sofriam do chamado “mal do século”, talvez, pode ser considerado um dos poetas mais notáveis da história da literatura brasileira. O mancebo, que faleceu jovem, deixou obras de grande valor. É por isso que trazemos aqui este Soneto que integra a obra Lira dos Vinte Anos.
Antes de mais nada, eu gostaria de discorrer um pouco sobre os aspectos formais do poema. Assim, o primeiro ponto que tocarei é a forma do soneto. Não custa nada repetir que esse é formado por dois quartetos e dois tercetos, ou duas quadras e dois tercetos, enfim, dá no mesmo. Pois bem, esse tipo de soneto foi criado por Petrarca, poeta classicista do século XVI. Essa disposição de versos ficou tão famosa, que foi adotada até mesmo pelos românticos. Digo “até mesmo”, pois como se sabe, o movimento Romântico buscou romper com a tradição clássica de poética. No entanto, como se pode ver essa quebra com as regras greco-romanas não foi total; o uso da forma fixa, o soneto, é um bom exemplo disso.
Todos os versos são compostos por 10 sílabas poéticas, ou seja, são decassílabos. O uso desse tipo de metro foi comum na poesia romântica brasileira; padrão que posteriormente foi quebrado pelos poetas parnasianistas, esses criaram, mormente, sonetos utilizando versos alexandrinos, isto é, os versos de doze