de vargas a joão goulart
Brizola, Jango e Jânio: três personagens da crise de agosto de 1961
Rui Felten
João Belchior Marques Goulart, o Jango, como foi chamado desde a infância na cidade Natal, São Borja, nasceu em uma família de fazendeiros, criadores de gado da melhor qualidade. Quando morreu o pai, Vicente Rodrigues Goulart, um ex-combatente da Revolução de 1930 – que deu início à República Nova, com Getúlio Vargas no poder federal -, ele assumiu o comando das terras e os negócios. Tinha nessa época 24 anos de idade, e há quatro havia concluído o curso de Direito em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Há uma controvérsia, no entanto, a respeito do ano de nascimento de Jango, o mais velho dos três filhos homens e das cinco filhas de Vicente e Vicentina Marques Goulart, que a vida inteira se dedicou ao lar. Existem registros históricos afirmando que ele nascera em 1918. Outros dizem que foi em 1919. Estes últimos ressalvam que a data foi alterada em uma segunda certidão de nascimento obtida pelo pai para que o primogênito pudesse entrar na Faculdade de Direito.
Quando iniciou o curso universitário, Jango já tinha morado na Capital em outra ocasião. Matriculado no Colégio Anchieta, em 1931, dividiu um quarto com dois amigos em uma pensão. Bom lateral-direito que era, foi convencido pelos companheiros a procurar uma vaga na equipe infanto-juvenil do Internacional. Aprovado no teste, se revezava entre as aulas e os treinos de futebol. No torneio estadual de 1932, o time foi campeão da categoria infanto-juvenil.
Guri de pouca conversa, Jango não era de usar a influência financeira familiar para tirar proveito no Inter, segundo relatos da época. Ao concluir a terceira das quatro séries do Ginásio (curso que naquele tempo se seguia às cinco séries iniciais, o Primário), o rapaz foi mandado pelo pai para Uruguaiana, porque não estava indo bem na escola. Ele já tinha frequentado as quatro primeiras