DE PRONTO
Evandro Carlos Nicolau.
Oriundo do intelecto, o desenho, pai de nossas três artes - arquitetura, escultura, pintura
-, extrai de múltiplos elementos um juízo universal. Esse juízo assemelha-se a uma forma ou idéia de todas as coisas da natureza, que é por sua vez sempre singular em suas medidas.1
Com esta afirmação Giorgio Vasari, no Renascimento italiano, conceitua o desenho como linguagem que é comum às artes da época. Sua afirmação corrobora com a etimologia da palavra desenho, que em sua origem latina é derivada do verbo designare, que significa desígnio de Deus, algo que é descrito, escrito, previsto para realização. Eduardo Sub irats2 faz esta reflexão sobre a etimologia da palavra em várias línguas latinas e conclui que, em todas, há uma idéia de desenho como um conceito que advém de uma forma, o eidos grego, cujo significado vem junto com sua função, um conteúdo que ao mesmo tempo em que carrega um sentido intrínseco é criado e projetado no mundo. Há uma idéia de desenho como projeto, como realização de algo que ainda não existente na natureza. Existe uma prática do desenho que podemos chamar de mimética, na filosofia aristotélica, e outra de idealista, presente no pensamento platônico. Temos um desenho que busca registrar e representar a natureza visível, para isso ele faz uma espécie de inventário das formas em busca de apreensão e conhecimento do mundo. Outro tipo de desenho é aquele em que não há busca por algo existente no mundo natural, mas que quer realizar e criar formas, sistemas, objetos, arquitetura, que são fruto de uma idéia, de um conceito, que parte da natureza, mas se transforma em algo já não mais identificável como imitação do visível.
O desenho caminha num sentido duplo, um sentido de apreender das e com as coisas da natureza e outro, que é oriundo do intelecto, da ideia, do conceito, de um pensamento, que precisa ser projetado. Neste campo de discussão surge a imaginação, o