de passagem pela cidade
UNIRIO
Cidade sem cinema é como casa sem janela
(grafite em muro de cinema fechado) “Esse Rio de Janeiro! O homem passou em frente ao Cinema Rian, na Avenida Atlântica, e não viu o Cinema Rian.
Em seu lugar havia um canteiro de obras.
Na Avenida Copacabana, Posto 6, o homem passou pelo Cinema Caruso. Não havia Caruso.
Havia um negro buraco, à espera do canteiro de obras.
Aí alguém lhe disse: ‘O banco comprou’ ”.
(Carlos Drummond de Andrade)
Esse trabalho cria as bases para um estudo sistemático da memória e história dos cinemas de rua – estabelecimentos ou salas de projeções cinematográficas erguidos no espaço urbano em meio às construções habituais – da cidade do Rio de Janeiro, sob a ótica do colecionismo.
“O ser passado, não ser mais, é o que trabalha com mais paixão nas coisas. É a isso que o historiador confia o seu assunto. Prende-se a essa força e reconhece as coisas como são no momento do não-mais-ser. Tais monumentos de um não-mais-ser são as passagens.” (Benjamin, 2006, p. 909).
Para Benjamin a memória é construída hoje. Há uma parte voluntária e uma involuntária. A memória voluntária tem uma relação com a estética construtivista contemporânea. Aqui talvez seja necessário realçar a diferença – primordial em Benjamin – entre “memória voluntária”, acionada pela “vivência” (Erlebois) e “memória involuntária”, que aparece com a “experiência” (Erfahrung). A memória verdadeira é a memória inconsciente. Só acontece para cada ser em particular. Quando lembramos é por causa de nossa posição política de hoje. Colecionar é uma espécie de ato político. Nós é que vamos ao passado. Hoje entendemos uma parte do passado antes fechada para nós. A história tende a eliminar nossa maneira de pensar. E pensando na verdadeira história, Benjamin não se interessa por qual grupo deu nome a história, pois sempre há uma