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Alba Zaluar
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
RESUMO: O artigo discute as limitações da tese que vincula a pobreza à criminalidade violenta com base nas novas teorias ecológicas sobre a concentração de certos crimes em áreas urbanas. Considera-se que o enfraquecimento de laços interpessoais, intergeracionais e interpares favorece o esgarçamento do tecido social, além de propiciar a impunidade, pois o que distingue as vizinhanças pobres das prósperas, mesmo aquelas em que há níveis semelhantes de crimes nelas cometidos, é o grau de registro dos crimes, mais baixo nas primeiras. A diversidade e o anonimato, concomitantes à maior liberdade dos citadinos vis-à-vis senhores e figuras de autoridade em domínios privados, vieram acompanhados da diminuição dos controles sociais informais sobre os jovens devido aos laços sociais enfraquecidos e à falta de confiança entre vizinhos, o que resultaria no aumento da criminalidade. Este é o cerne da abordagem ecológica discutida à luz da situação vivida no Rio de Janeiro e seus paradoxos.
PALAVRAS-CHAVE: violência, juventude, pobreza, vizinhança, controle social informal, confiança, polícia, ecologia humana.
Hoje, apesar de acirrados debates sobre os determinantes, há certo consenso de que houve um aumento no crime urbano que ultrapassa o crescimento demográfico das cidades em todos os continentes. Entre 1975 e 1996 o acréscimo médio foi estimado entre 3% e 5%, embora com variações no tempo, no local e no padrão criminal. Uma das hipóteses que tenta dar conta disso é a de que a proteção social e o controle informal exercidos nas comunidades locais foram perdendo importância em virtude da perda de poder de seus atores. A diversidade social e o anonimato das cidades eliminariam a participação comunitária
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Alba Zaluar. A abordagem ecológica e os paradoxos da cidade.
ou a tornariam mais difícil. Do