david harvery
Nesse contexto, e como reflexo dele, as políticas públicas, especialmente aquelas destinadas à promoção do de-senvolvimento, outrora caracterizadas pelo centralismo financeiro e decisório no plano federal, passaram a ser mais descentralizadas, ou seja, deixaram de ser formuladas de cima para baixo, com base no planejamento na-cional, e passaram a se originar nos planos regional e local. Isto implica dizer que o enfoque sobre a dimensão territorial ou escala espacial para a concepção e implementação de políticas e programas de desenvolvimento passa, principalmente, para o plano local.
Se por um lado houve a revalorização do território e da dimensão espacial do desenvolvimento, notadamente a local, por outro parece ter se consolidado uma visão cega, uma espécie de romantismo ou "pensamento único localista" (p. 36). Verifica-se, assim, uma concepção do local como espaço privilegiado de intervenção política para a solução de todas as mazelas socioeconômicas, em detrimento das demais escalas territoriais. É como se o local tudo pudesse, "dependendo de sua vontade de auto-impulso" (p. 39) para promover um virtuoso processo desenvolvimento.
À concepção localista sobre o desenvolvimento complementam-se as idéias de inserção dos espaços locais ao espaço econômico global, engendrando a polarização local-global desse processo. Nessa lógica, as escalas in-termediárias entre o local e o global - microrregional, mesorregional, macrorregional e nacional - são descon-sideradas ou perdem importância na articulação para a promoção do desenvolvimento.
Recorrendo à