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Existe um conto de Jorge Luis Borges que tenho na conta de uma das duas grandes coisas que li na vida – qualquer dia escrevo sobre as duas juntas. Está no livro Ficções, que talvez seja a melhor seleção de contos que a humanidade já produziu, de As Mil e Uma Noites até a Zíbia Gasparetto.
Chama-se Aproximação a Almotásin.
Sem entrar no mérito dos mil detalhes do conto, o enredo relata a história de um livro cujo amálgama (nunca achei que fosse escrever essa palavra) fala de um estudante de Bombaim que se esconde nos mais inóspitos rincões do interior da Índia. Imagine o fiofó da humanidade e seus rudes habitantes. É lá que está o estudante. E é lá, no meio de tanta pobreza e pusilanimidade, que ocorre o grande estalo na cabeça deste sujeito. Segue o trecho:
De súbito – com o milagroso espanto de Robinson ante a pegada de um pé humano na areia – percebe certa mitigação dessa infâmia: uma ternura, uma exaltação, um silêncio, num dos homens detestáveis. “Foi como se tivesse cruzado armas no diálogo um interlocutor mais complexo.” Sabe que o homem vil que está conversando com ele é incapaz desse momentâneo decoro; daí postula que este refletiu um amigo, ou amigo de um amigo. Repensando o problema, chega a uma convicção misteriosa: Em algum ponto da Terra há um homem de quem procede essa claridade; nalgum ponto da Terra está o homem que é igual a essa claridade. O estudante resolve dedicar sua vida a encontrá-lo.
Borges é douto em embromation, gosta de jogar agulhas em palheiros, e você que se vire com suas conclusões. A minha conclusão deste conto é muito particular, mas não vem ao caso. O que eu queria dizer aqui é que lembrei deste conto na última semana do ano, por conta de uma música.
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Estupidez não é exclusividade de nós, normais. Também os gênios eventualmente miram a boca e acertam a testa.
Permita-me exemplificar: Tom Jobim e