Daora a vida
Bastilha Tupiniquim
Quando os revoltosos franceses do século XVIII se rebelaram contra a monarquia vigente através da Tomada da Bastilha, que se tratava justamente do lugar em que eram presos aqueles que representavam uma ameaça ao poder absolutista, a população mostrou aos estadistas a potência de sua voz. A partir de uma breve análise, percebe-se que o contexto referente à situação de insatisfação da população francesa se equipara à do Brasil contemporâneo. É sob essa ótica que a ida de milhares de pessoas às ruas levanta o questionamento: o Brasil mudará diante da face rebelde da multidão?
Quando Karl Marx, sociólogo alemão, afirma que os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, uma vez que produzem sua existência em grupo, revela a prerrogativa da democracia: o direito da união em prol de um objetivo. Entretanto, é de valia ressaltar que a população que está nas ruas do país nem sempre representa toda a população brasileira, gerando, entre outras coisas, certo comodismo aos governantes. Não obstante, a variedade de cartazes e gritos de ordem revela que as queixas são das mais diversas, o que acaba por criar um aspecto de desordem acerca dos protestos. Em suma, há uma realidade adversa na busca pela consolidação dos pedidos: de um lado, estratos sociais não representados, de outro, uma diversidade de contestações.
A atualidade brasileira revela que, além de insatisfeita, grande parte dos cidadãos estava também adormecida. Quando grita, em ordem, que “o gigante acordou”, os manifestantes simplesmente olvidam todas as causas que já estavam nas ruas, como os movimentos feministas e LGBT. Movimentos estes que, por meio da solidificação de seus pedidos, conquistaram a afirmação de diversos direitos civis que já deveriam estar em vigor. Além disso, grande parte se mostra também incoerente no que diz respeito à tentativa de