discriminação social
por Monique dos Anjos
Monique dos Anjos é jornalista do Portal de notícias Abril.com
Questionar a existência e proporção da discriminação racial no Brasil pode ser considerado tão severo quanto o preconceito em si. E, muito embora diversas campanhas preguem a igualdade, esta parece longe de ser a palavra para definir o julgamento que os brasileiros impõem uns aos outros.
Constatar que o acesso à educação e consequentemente ao mercado de trabalho é escasso entre negros e pardos, grupo que representa, segundo dados do IBGE, 51,1% da população brasileira, não é uma missão árdua. Estatísticas das mais diversas alertam para a disparidade, por exemplo, do número de negros e brancos que não sabem ler (o analfabetismo funcional atinge 16,4% dos brancos, 27,2% dos negros e 28,6% dos pardos).
Deve-se tomar cuidado, no entanto, para diferenciar o que é fruto do racismo e o que é proveniente do resultado da falta de oportunidades decorrentes de uma série de fatores, como a já citada má formação.
No Brasil, o racismo se revela em situações ínfimas do cotidiano, como a moça do caixa que pede o documento de identidade à simpática cliente negra de cartão de crédito em punho, mas não parece repetir o ritual com os demais integrantes da fila que não sejam afro-descendentes.
Dúvidas sobre a legitimidade do pensamento que defende, ainda que envergonhadamente, a existência do racismo em terras brasileiras? Por que então se fez necessário criar um tal disque-preconceito? A central telefônica foi pensada em 2008, para registrar os mais diferentes tipos de injúria racial, na maioria das vezes proferida de um branco para um negro – embora o contrário também ocorra.
Mas quem são os vitimados, cuja agressão verbal foi tão severa, a ponto de se fazer necessário denunciar, historiar, punir? Seriam os jovens executivos que a caminho do trabalho ouviram acusações estapafúrdias ou o senhor de