Dana de Teffé
Dana de Teffé saiu do Rio de Janeiro no dia de 29 de junho de 1961 com destino a São Paulo e nunca mais foi vista. A milionária, nascida na Tchecoslováquia, estava na companhia do seu advogado Leopoldo Heitor, acusado na época pelo seu desaparecimento. Ele apresentou três versões distintas para o sumiço de Dana. A Justiça considerou o advogado inocente e entre 1963 e 1971 ele enfrentou quatro julgamentos. Foi condenado no primeiro a quase meio século de prisão, mas foi absolvido nos três últimos.
Dana chegou ao Brasil em 1951 depois de dois casamentos desfeitos. Ela conheceu o advogado Leopoldo Heitor em 1956 quando ele passou a cuidar dos interesses dela na separação do diplomata Manuel de Teffé.
Leopoldo ficou famoso e ganhou o apelido de “advogado do diabo” depois que apresentou uma testemunha que levou à condenação o Tenente Alberto Bandeira, envolvido no caso que ficou conhecido como o crime da rua Sacopã. Leopoldo Heitor já tinha sido processado por peculato e estelionato e mesmo assim tinha total confiança de Dana.
A última pessoa a ver Dana foi a amiga Malisa. No dia seguinte ao desaparecimento, Leopoldo deu entrada em um hospital para cuidar de um ferimento de bala na perna. Ele usou um nome falso e pediu ao médico para que não comentasse o fato com ninguém. Dias depois, Leopoldo, a mulher dele e os dois filhos se mudaram para o apartamento de Dana de Teffé. Com uma procuração, Leopoldo vendeu o apartamento de sua cliente.
Nove meses depois do sumiço de Dana, Leopoldo já tinha embolsado o equivalente hoje a meio milhão de reais. Menos de um ano depois, o advogado seria preso, acusado de ter matado Dana para roubá-la. Após duas fugas, Leopoldo foi condenado a 49 anos de prisão.
Em 1964, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou a sentença de Leopoldo Heitor e o mandou a novo julgamento. Desta vez ele foi julgado pelo Tribunal Popular de Rio Claro, interior do Rio de Janeiro. O próprio Leopoldo assumiu a tribuna para se defender.