O presente trabalho busca relacionar as idéias presentes no texto de Roberto Schwarz onde permeia uma incompatibilidade na nossa formação social, fundada nas vontades e a partir do arbítrio de uma pequena elite latifundiária, que ditam normas sociais a partir de uma posição hierárquica socialmente reconhecida com a dialética indivíduo/pessoa proposta por Roberto DaMatta em seu estudo sobre o “sabe com quem está falando?” Em “As idéias fora do lugar”, Schwarz nos mostra a incompatibilidade das idéias liberais dentro de uma sociedade escravocrata, onde o poder se dá a partir da vontade de uma elite política. Visto um panorama capitalista comercial europeu e norte americano é que se encontra a incompatibilidade de nossa cultura com tal modelo econômico, afinal as idéias liberais são teoricamente fundadas nos princípios de igualdade, liberdade e independência, valores esses impensáveis na elite brasileira do século XIX, onde o que vemos é uma economia comercial de exportação a partir de mão de obra escrava e a extrema dependência do cidadão livre dentro de uma hierarquia fundada no “favor”. O termo “favor” é caracterizado com a função de troca e nunca como uma espéciae de caridade e é fundamental para entender essas relações hierárquicas de dependência descritas acima. Ele fundamenta seu argumento dividindo a sociedade brasileira três classes sociais; o grande proprietário, o escravo e o cidadão livre dependente dos favores cedidos pelo grande proprietário. Dentro dessa relação de dependência do homem livre em favor da conquista ou manutenção de um determinado status social, o que mais fica claro é a manutenção de um poder político e econômico marcado pelas relações de cunho pessoal. Do outro lado temos a dialética indivíduo/pessoa presentes no texto de Roberto DaMatta, obra que pode complementar ou continuar formidavelmente as resoluções de Schwarz no que diz respeito aos critérios pessoais de manutenção da ordem social hierárquica vivida na nossa sociedade de