Da Liberalidade E Da Parcimonia
CAPÍTULO XVI
A LIBERALIDADE E A PARCIMÔNIA – DE LIBERALITAT ET PARSIMONIA
De início, conforme dicionário da Língua Portuguesa, esclarece-se o significado dos termos: liberalidade e parcimônia; liberalidade : 1. qualidade de liberal; 2. ato de dar com generosidade; parcimônia 1. ato de poupar, de economizar, de despender moderadamente = ECONOMIA, SOBRIEDADE; 2. qualidade do que é parco.
Para o autor da obra, é bom que o príncipe seja considerado liberal, contudo, sendo liberal demais o príncipe pode sair prejudicado e terá de impor pesados tributos aos súditos, caso gaste todos os recursos do governo.
Não sendo possível ser liberal, o príncipe deve ser prudente e se precisar que o chamem de miserável, não deve se importar, pois aos poucos passará a ser visto como generoso, quando perceberem que graças à sua parcimônia terá recursos suficientes para se defender dos inimigos que quiserem atacá-lo e para empreendimentos que não seja necessário cobrar tributos do povo.
Nesse sentido, o príncipe não deve se preocupar com a fama de miserável, pois agindo assim não terá que despojar os súditos, nem ser pobre e desprezado, nem ser obrigado a ter uma conduta predatória: a falta de liberalidade é um dos defeitos que lhe permitem reinar.
Sendo assim, aquele que quer se tornar príncipe deve ser liberal, enquanto que aquele que já o é deve ser prudente.
A liberalidade é necessária para o príncipe que marcha à frente de soldados e vive do saqueio, do roubo e resgates, predando a riqueza alheia, pois sem a liberalidade deixaria de ser seguido pelas tropas, sendo muito generoso quando se trata dos bens alheios, mas prudente com seus recursos. Nada destrói mais o príncipe do que a liberalidade, pois a usando, pode-se tornar pobre e desprezível, ou então, para evitar a pobreza agir de forma que se torne rapinante e odiado.
De fato, não há nada pior para um príncipe do que ser odiado, sendo a liberalidade um dos caminhos para torná-lo odiado pelos súditos,