Da dominação de classes
Ana Saldanha
Introdução
Consideramos a obra teórica de Karl Marx e de Friedrich Engels e o legado teórico-prático de Vladimir Ilitch Lénine como uma arma teórica que nos possibilita a transformação do mundo. Neste sentido, as categorias filosóficas e da economia política de que aqueles nos muniram constituem a nossa base para uma análise científica da realidade concreta, através do estudo do desenvolvimento das relações de produção. O materialismo histórico e dialéctico constitui, desta forma, um sistema de pontos de vista científicos sobre as leis gerais que regem o desenvolvimento da natureza e da sociedade, permitindo-nos reflectir sobre as possibilidades históricas e concretas da revolução socialista e, consequentemente, das vias a seguir para a edificação do socialismo, rumo ao comunismo.
Esta edificação, que passa pela necessária superação do modo de organização actualmente dominante, sempre colocou o movimento comunista internacional perante a problemática seguinte: como efectuar essa transição? Na discussão e problematização desta questão, duas leituras antagónicas desde sempre se fizeram: uma, reformista, que defende a possibilidade de existência de etapas intermédias entre o capitalismo e o socialismo; outra, revolucionária, herdeira dos ensinamentos das revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX e da Revolução Socialista de Outubro de 1917, que defende a necessária ruptura revolucionária como processo de transição do capitalismo para o socialismo.
A assunção da perspectiva reformista impõe-se, na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, de forma a justificar a participação institucional de Partidos Comunistas em governos dominados pela classe dominante (que aqueles, aliás, teoricamente pretendiam substituir no poder). Paulatinamente, Partidos Comunistas com uma histórica e heróica trajectória de luta e de resistência, vão defendendo a