DA CRIAN A 2
Silvia Abu-Jamra Zornig *
RESUMO
O trabalho pretende discutir o lugar dos pais na clínica psicanalítica com crianças, reconhecendo a ligação fundamental entre a criança e a demanda parental, o que faz com que seu sintoma deva ser ouvido como entrelaçado às questões dos pais, ainda que não se esgotando nas mesmas.
Palavras chave: criança, sintoma, psicanálise
ABSTRACT
This paper intends to discuss the parents’ position in the analytic practice with children, recognizing the essential connection between the child and the parental demand. The child’s symptom must be considered as related to the parents’ issues, but not be reduced to them.
Key words: child, symptom, psychoanalysis
* Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, Professora da PUC-Rio, Psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle.
A clínica psicanalítica com crianças nos confronta com uma questão fundamental: é possível a psicanálise se constituir em uma prática de subjetivação para um sujeito em processo de estruturação, que necessita de adultos na função de pais para se constituir? Seria desejável intervir neste tempo de construção, já que a clínica psicanalítica é referendada por um tempo retroativo, do a-posteriori?
Não há uma resposta simples a esta questão, até porque este paradoxo funda a clínica com crianças. Freud (1909), ao relatar o caso do pequeno Hans, dá a seu sintoma o mesmo estatuto de uma problemática trazida por um analisando adulto, ressaltando que não aprendeu nada de novo nesta análise, ou seja, que a análise de Hans atestava para a unidade da psicanálise e para sintomas que transcendiam a cronologia. No entanto, indica no mesmo caso clínico, como os pais de Hans poderiam diminuir a incessante torrente de perguntas do filho se lhe esclarecessem a respeito de temas relacionados a sua sexualidade e à diferença entre os sexos.
Neste sentido, o entrelaçamento do sintoma da criança às fantasias parentais coloca o psicanalista em