Câncer enfraquecido
54 z novembro DE 2012
oncologia y
Câncer
enfraquecido
Aprisionar o cálcio em compartimento no núcleo das células torna o tumor mais vulnerável à radioterapia
Igor Zolnerkevic
fotos steve gschmeissner/science photo library
B
ombardear um tumor com raios X pode impedir que ele se espalhe pelo corpo. Mas é uma operação delicada. Mesmo que a radioterapia elimine a maioria das células cancerígenas por danificar o DNA e a induzi-las à morte, as poucas restantes podem sofrer mutações que as tornam imunes aos efeitos da radiação e aumentam sua capacidade de se reproduzir. Assim, o tumor volta a crescer, mais rápido e mais resistente, e a única opção dos médicos é removê-lo por meio de cirurgia. No caso do câncer de cabeça e pescoço, no entanto, esse último recurso é muitas vezes mutilador. Ele prejudica a estética, a deglutição, a fala e até mesmo a respiração.
Buscando um modo mais eficiente de combater esse tipo de tumor, uma equipe multidisciplinar de 18 pesquisadores de
Minas Gerais e de São Paulo desenvolveu uma estratégia promissora para tornar as células tumorais mais sensíveis à radiação. Publicados em maio deste ano no
Journal of Cancer Science and Therapy, os resultados da pesquisa, ainda em fase pré-clínica, sugerem que a radioterapia, acompanhada de um procedimento que impede a livre circulação de íons de cálcio no núcleo das células pode reduzir
pela metade o tempo de exposição à radiação e diminuir drasticamente o risco de reincidência do tumor.
Sob a supervisão da bióloga celular
Maria de Fátima Leite, da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), e do imunologista Olindo Assis Martins Filho, do Centro de Pesquisas René Rachou, da
Fundação Oswaldo Cruz em Belo Horizonte, a pesquisadora Lídia Maria Andrade concebeu essa estratégia. Quando ainda era estudante de odontologia, Lídia teve a oportunidade de