Cultura
Sempre que se fala em cultura de estupro, vem homens dizer que de jeito nenhum, isso não existe, é paranoia de feminista. Eu digo que cultura de estupro é quando temos uma sociedade que tolera e até incentiva o estupro, e que está sempre pronta pra culpar a vítima. Costumo dar alguns exemplos. Tipo: se você foi vítima de estupro e estiver procurando ajuda, será mais fácil encontrar na internet vídeos pornôs com simulações de estupro, mostrando estupro como algo excitante, do que instruções tratando de delegacias e exames de corpo de delito.
Cultura de estupro é comediante dizer que homem que estupra mulher feia não merece cadeia, merece um abraço, e metade da população rir e, diante dos protestos da outra metade, xingar quem se indignou com o chiste de mal amada, mocreia, sapatão, “nem pra ser estuprada vc serve”. Cultura de estupro é vender camisa (e muita gente comprar pra usar) com “fórmula do amor”, que equivale a embebedar a mulher para conseguir sexo sem resistência. Cultura de estupro é um programa de TV fazer rir em cima de um problema que acomete milhares de mulheres por dia (bolinações dentro de meios de transporte coletivo). Cultura de estupro é anúncio de preservativo brincar que sexo sem consentimento queima mais calorias.
Cultura de estupro é o comercial da Nova Schin estar passando na TV há meses sem que se veja qualquer problema. Não viu o comercial? Eu explico: um grupo de amigos, só homens e brancos, bebem na praia, quando um deles, ao observar mulheres, pergunta pros outros: “Já pensou se a gente fosse invisível?”. Corte pra latinhas de cerveja flutuando, representando que a fantasia virou realidade. E o que os homens invisíveis estão fazendo? Passando a mão na bunda de mulheres no mar. Sacaneando um cara que joga frescobol. Tocando o terror na praia.
Até que entram num vestiário feminino. A câmera não mostra tudo, só as latinhas abrindo a porta, e mulheres correndo pra fora, aterrorizadas. O mais perverso é