Cultura: Um Conceito Antropológico
Roque Laraia
Na segunda parte do livro, Laraia discute como indivíduos de culturas diferentes vêem o mundo de maneiras diferente. Os diferentes comportamentos sociais são produtos de uma herança cultural. Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente, depende de um aprendizado, e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo. O etnocentrismo, é responsável, em seus casos extremos, pela ocorrência de numerosos conflitos sociais, pois os comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes.
O autor cita um exemplo dos africanos que, ao serem removidos violentamente de seu continente (ou seja, de seu ecossistema e de seu contexto cultural) e transportados como escravos para uma terra estranha, habitada por pessoas de costumes e línguas diferentes, perdem toda a motivação para continuar vivos.Mostrando-nos como a cultura pode, até mesmo, decidir sobre a vida e a morte dos membros do sistema.
Laraia explica que embora nenhum indivíduo conheça totalmente o seu sistema cultural, é necessário ter um conhecimento mínimo para operar dentro do mesmo. Além disto, este conhecimento mínimo deve ser partilhado por todos os componentes da sociedade, de forma a permitir a convivência dos mesmos. Por exemplo, um médico pode desconhecer qual a melhor época do ano para o plantio do feijão, um lavrador certamente desconhece as causas de certas anomalias celulares, mas ambos conhecem as regras que regulam a chamada etiqueta social, no que se refere às formas de cumprimentos entre as pessoas de uma mesma sociedade.
No último capítulo do livro, o autor mostra o caráter dinâmico da cultura. Ele diz que cada sistema cultural está sempre em mudança e que é importante entender esta dinâmica para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que