Cultura popular
Partindo de uma acepção de cultura no sentido mais amplo possível - ou seja, cultura não só como o produto ou construção cultural, mas também as relações e as diversas maneiras de pensar realidade – chegaremos a uma primeira conclusão inequívoca: toda cultura é , por definição, popular.
Expliquemos melhor. Popular, segundo o Aurélio, guarda cinco possíveis variantes, sem que , entretanto, nenhuma delas lhe esgote o conteúdo em definitivo. Vejamos:
Popular
1- Do, ou próprio do povo;
2- Feito para o povo
3- Agradável ao povo, que tem as simpatias dele;
4- Democrático;
5- Vulgar, trivial, ordinário, plebeu.
Infere-se que o adjetivo popular, quando adotado em parceria com o vocábulo cultura restringe, aparentemente, o teor desta, toldando-lhe a própria abordagem conceitual. Em outras palavras, podemos situar cultura popular apenas como uma cultura relacionada ao povo. A palavra povo , por sua vez, possui diversas implicações ideológicas. Pode-se compreender povo como nação e até mesmo ,como querem alguns, como sinônimo de plebe ou simplesmente multidão.
Ora, o mais usual, quando nos dirigimos à expressão cultura popular, é um olhar tencionando desprestigia-la, isto é, torná-la mais próxima de cultura proveniente das classes menos favorecidas ( não que estas sejam desmerecedoras, apenas não é o caso ).
Essa observação, porém, é uma das muitas falácias próprias ao terreno movediço de quem lida com arte no seu cotidiano. Separar uma cultura popular de uma lendária cultura de elite é seccionar algo naturalmente atomizado.
Não existe cultura impopular, ou pertencente a uma única casta ou estamento. Por mais que se equipare o termo popular ao seu viés plebeu ou vulgar, não subsiste cultura sem adesão de uma parcela significativa do meio social. Isto porque o próprio pensar é impregnado de fatores e substâncias histórico-sociais, as quais operam na formação cultural e implicam aceitação tácita de costumes e valores que permeiam as