Cultura pol tica dos trabalhadores Jorge Ferreira
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A CULTURA POLI TICA
DOS TRABALHADO
S NO
PRIMEIRO GOVERNO
. VARGAS *
Jorge Luiz Ferreira
Sabemos hoje, por pesquisas recentes, m 1937, de Salvador, Bahia, Eduardo
D. do Sacramento escreve uma longa ao presidente Getúlio Vargas
.
que a gratidllo e o reconhecimento que
Eduardo procurava demonstrar ao presi
dente não eram atitudes isoladas de um ou
ralatando sllas dificeis condições de vida e
de outro trabalhador, mas, sim, as manifes
solicitando um emprego. Ao finalizar o tex
taçOCs que o Estado varguista esperava de
to, Eduardo declara que "não precisa que
lodos os trabalhadores (Castro Gomes,
diga a V. Excia. que qualquer emprego me
1988). Construído a partir de um golpe
serve de vez que o seu espírito intelligente
polftico-militar e, portanto, carente de legi
sabe cuncultar a alma do pobre. Tambem
timidade, o regime inaugurado por Vargas
não agradeço a V. Excia. porque as minhas
em 1930 disseminou por toda a sociedade
palavras seriam inexpressivas para tlIo ele
1
vado gráo de gratidão". Com palavras
uma produção de cunho político e cultural que aftnnava a necessidade histórica do
simples, Eduardo procura explicar, a seu
novo governo. Para os trabalhadores, em
modo, qual O processo que elevou Vargas a
particular, o Estado nos anos 30 e 40 tor
uma posição de destaque entre os trabalha dores da época. Por saber cuncul
� a alma
nou-se produtor de bens materiais e simbó licos, a fun de obler deles a aceitação e o
do pobre, o presidente revelou ser possui
consentimento ao regime poütico. Para is
dor de um espírito inteligente; logo, tal
so, o novo governo patrocinou uma poütica
qualidade deveria ser reuibuída com grati dão e reconhecimento.
pública voltada exclusivamente aos operá rios, instituindo, assim, novas relações en-
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