Cultura digital implicações para a formação de professores.
João Batista Carvalho Nunes
Universidade Estadual do Ceará
E-mail: joao.nunes@uece.br
Cena 1 – Século XIX
Um homem adentra uma sala de aula, aproxima-se da mesa localizada na parte dianteira do recinto. Depois de breve recordação do que foi tratado na aula anterior, retira um livro de sua pasta. Dirige-se, então, aos estudantes sentados ordenadamente em suas carteiras e diz:
“Agora abram seu livro de História e leiam a página 20”.
Cena 2 – Século XXI
Uma mulher entra numa sala de aula. Achega-se à mesa situada na dianteira do recinto.
Depois de ligeira lembrança do assunto tratado na aula anterior, retira um tablet de sua mochila. Dirige-se aos estudantes sentados ordenadamente em suas carteiras e expressa:
“Agora peguem seus tablets e acessem o livro de História em sua estante virtual. Leiam a página 20”.
Em ambas as cenas, há uma sala de aula presencial, maioria na educação básica no
Brasil, separadas por mais de dois séculos. A principal diferença entre elas está no uso de um tablet, em vez de um livro impresso. A estratégia pedagógica baseada nos princípios de
Herbart (SAVIANI, 2008), contudo, continua a mesma. A Pedagogia tradicional apenas incorporou um novo aparato, mas sua essência permanece. É essa a mudança que queremos para a educação? Vamos equipar nossas escolas com diversas tecnologias digitais enquanto não alteramos o modus faciendi da educação?
Na história da humanidade, nunca experimentamos um desenvolvimento científico e tecnológico tão acelerado. Enquanto a primeira máquina de calcular, conhecida como
Máquina Aritmética de Pascal, foi criada em 1642, restrita a operações de soma e subtração, o
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Algumas das ideias presentes neste texto são desdobramentos de Nunes e Nunes (2012).
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primeiro computador eletromecânico, denominado MARK-I, foi finalizado em 1944. Segundo
Alcalde, Garcia e Peñuelas (1991, p. 18), ele “somava dois números em menos