Cultura da cana e crédito de carbono
DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
José Mateus dos Santos[1]
José Paulo Pietrafesa[2]
RESUMO
O artigo analisa o processo de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, também como essas emissões vêm desenhando um futuro incerto da situação do clima no planeta. Além das queimadas, o uso de combustíveis fósseis têm sido anunciado como grande responsável por essas emissões, principalmente do CO2. A revisão da literatura temática mostra a cultura da cana-de-açúcar como forte alternativa aos combustíveis fósseis e meio de obtenção de energia renovável, bem como potencializando algumas empresas a comercializarem crédito de carbono, através de alguns subprodutos do sistema de produção de álcool e açúcar, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. O estudo procura contribuir para uma leitura crítica da expansão da lavoura canavieira, bem como dos desafios sócio-ambientais a ela implicados. Apresenta o crédito de carbono, muito mais como nova fonte de lucro do que a solução para o problema das emissões.
Palavras-chave: Cana-de-açúcar. Crédito de Carbono. Desenvolvimento Sustentável.
INTRODUÇÃO
As atividades com lavouras de cana-de-açúcar, juntamente com a mineração e a cafeicultura, têm marcado fortemente a estruturação e o desenvolvimento econômico do Brasil. Desde o início da nossa história até os dias atuais, a cana-de-açúcar vem se firmando como um dos principais pilares da nossa economia. Num primeiro momento, utilizando-se trabalho escravo, produzia-se açúcar, rapadura e cachaça, objetivando atender às demandas da casa-grande e dos mercados europeus. Na atualidade, utilizando-se mão-de-obra assalariada, a produção de açúcar, álcool e energia procuram atender tanto ao consumo interno quanto à exportação. Este novo momento das atividades canavieiras está voltado às demandas da sociedade no geral, deslocando-se historicamente da utilização estritamente privada