Cultura Brasileira
Giorgio Agamben inicia o texto questionando o que é fé. Pra tentar simplificar ele utiliza do exemplo de David Flüsser, que ao se deparar, numa praça em Atenas, com a frase Trapeza tes pisteos assustou-se pois deparou com um bando, pois tal frase em grego significa: Banco de créditos. O espanto se deu, pois a palavra primária de pisteos é pistis, termo utilizado por Jesus e seus apóstolos para “fé”. Logo compreendeu: Fé é o crédito que gozamos junto a Deus e o quanto Sua palavra goza junto de nós, a partir do momento em que temos fé nela.
No entanto, o capitalismo financeiro tem distorcido a nossa fé. Para Walter Benjamin existe uma estreita relação entre capitalismo e a religião, pois os adeptos ao capitalismo fundado na fé vivem unicamente pela fé, sendo assim creem porque creem no puro crédito, ou seja, no dinheiro.
Um capitalismo é uma religião que tem a fé (crédito) no lugar de Deus, sendo o dinheiro a forma mais pura do crédito, sendo assim Deus é o dinheiro.
Sabendo que a nossa fé encontra-se defasada devido a esse capitalismo com fundamentos religiosos, Agamben questiona o que será do nosso futuro. Pois, para ele a fé é como uma substância para acreditarmos em algo que não vemos como, por exemplo, o futuro. Mas se a fé está sendo vendida, só acreditaremos até o ponto que pagamos?
Para Benjamin o capitalismo religioso vive num endividamento contínuo que não pode ser abolido, pois os indivíduos estão religiosamente envolvidos nesse constante e universalizado ato de fé sobre o futuro.
Agamben finaliza o texto aconselhando-nos a pararmos de olhar tanto para esse futuro, que está sendo vendido e usado pela nossa fé, e que olhemos para o passado, onde o verdadeiro significado da fé já existiu, para compreendermos que a presença do dinheiro no campo da fé compromete a pureza da religião.