Cruzadas
Circunstâncias económicas (Ocidente com sobrepopulação), políticas ou psicológicas contribuíram para a eclosão das cruzadas. Contudo, desde o século IX, a defesa dos cristãos ameaçados por infiéis foi considerada como uma tarefa prioritária de salvação: o papa João VIII dava absolvição aos guerreiros que morressem em defesa dos cristãos contra os árabes na Itália. Em 1063, Alexandre II renovou esta disposição a favor daqueles que lutaram na Espanha. E o “movimento de paz" do século XI erigiu em dever, para os membros da cavalaria, a defesa do povo cristão contra seus opressores. No entanto, após a derrota de Manzikert, pelos turcos Seljucidas aos bizantinos, em 1071, a Ásia Menor foi invadida pelos muçulmanos; o papa Gregório VII recebeu apelos de ajuda da parte dos gregos e arménios. Em 1074, o mesmo papa tentou organizar uma expedição de socorro convocando os vassalos da Santa Sé; planeou organizar a expedição, que deveria terminar com uma peregrinação ao Santo Sepulcro, mas o projecto falhou.
Urbano II eleito em 1095. Urbano recebeu, sem dúvida (a questão é controversa), o apelo do imperador Comnène de Alexis, que queria receber ajuda do Ocidente e, neste sentido, negociou com o papa, o fim do cisma, que separou Roma de Constantinopla. Seja como for, no Concílio de Clermont o papa convidou a cristandade ocidental a preparar-se para o resgate dos cristãos orientais perseguidos pelos invasores turcos. Ele fez certamente também alusão à ocupação de locais sagrados por muçulmanos, pedindo aos ocidentais para libertá-los. Nesta perspectiva concedeu aos participantes uma indulgência plenária: a viagem a Jerusalém serviria de penitência a quem efectuasse a viagem, depois de ter confessado os seus pecados e recebido a absolvição (Tem presente neste contexto a fé e a mentalidade que animava os povos desta época, e a tutela absoluta que a Igreja exercia sobre os cristãos, que entrevam em pânico só de ouvir falar em excomunhão papal)