As Cruzadas
Hilário Franco Jr.
Introdução
Definição
Assim como outras palavras do vocabulário do historiador (feudalismo, mercantilismo...), o termo Cruzada não era comum durante seu momento histórico, tendo sido utilizado (ainda que com pouca freqüência) somente quando as expedições já perdiam sua força. As expressões mais comuns dos textos medievais são peregrinação, guerra santa, expedição da Cruz e passagem. A expressão Cruzada referia-se ao fato dos cruzados se considerarem marcados pelo sinal da cruz (o qual era bordado em suas roupas), soldados de Cristo (aqueles que lutavam em nome de Cristo pela defesa da fé).
As Cruzadas constituíam expedições militares contra os inimigos da fé cristã, sendo legitimadas pela Igreja. Geralmente eram idealizadas pelo papa, que concedia aos cruzados privilégios em troca dos serviços militares, sendo os mais freqüentes indulgências e moratória de dívidas (durante as campanhas os cruzados eram protegidos pela Igreja e isentos da jurisdição laica). Desta forma, as Cruzadas eram empreendidas não somente contra os muçulmanos no Oriente Médio e Península Ibérica, como também contra os eslavos pagãos da Europa Oriental e qualquer herético do Ocidente. Eram financiadas pela Igreja, bem como pelos próprios cruzados – senhores de terra que contavam com a ajuda de seus vassalos. A Igreja recebia donativos e criava taxações e muitas vezes empréstimos eram contraídos junto á mercadores pelos senhores de terras. O número de soldados não é preciso nos documentos da época, contudo, as maiores Cruzadas não ultrapassavam 10000 combatentes.
Certamente que um movimento tão longo como as Cruzadas (sécs. XI - XIII) foi influenciado por relevantes razões tanto de ordem material quanto psicológica. Analisaremos tais motivações a seguir.
As Motivações Materiais
Sociedade Feudal
Um panorama geral da sociedade feudal se faz necessário. O feudalismo se constitui a partir da desagregação do Império Carolíngio, no